A “Cia Poéticas da Cena Contemporânea”, presente pela terceira vez no
Fringe, traz os espetáculos “Peter Pan” e “Love Fair”. Tematização do desejo na
boca dos atores, “Love Fair” alcança um tratamento estético através de folhas
secas e o jogo cênico com corações de carne (de verdade). Já o infanto-juvenil
“Peter Pan”, regado a Beatles e canções populares, todo sonorizado ao vivo,
utiliza-se de “achados cênicos” e cenas de plateia para contar a história de
Wendy na Terra do Nunca.
O “Nucleo de Investigação de Teatro Colaborativo”, em parceria com a
companhia “Os Suspeitos” apresenta uma versão de rua de “Casa de Bonecas”. O
texto de Ibsen é o primeiro a trazer o viés feminista para a dramaturgia
moderna. Já em “Vértices, Sobre Hamlet”, em parceria com o “Avessos Núcleo”, os
icônicos personagens Hamlet e Ofélia são reconstruídos em meio a uma miscelânea
de diversas referências, para abordar temas como o suicídio, o papel da mulher
na sociedade, a loucura cotidiana e os desencontros do amor.
É também Shakespeare a inspiração
da “Cia Experimental de Teatro do CIAC”,
que traz uma versão divertida de “Sonho De Uma Noite de Verão”. Ação e
movimentação, paixões e casamentos, brigas e reconciliações, equívocos e finais
felizes permeiam o enredo criado pelo maior dramaturgo de todos.
Já o Grupo “Gota, Pó e Poeira” que desde 2002 vem para o FRINGE, bebe da
tragédia de Otelo, trazendo os personagens de Shakespeare para um espaço
atemporal em “O Acerto de Contas”. Um general e seus alferes, enclausurados
numa mesma cela, repassam a tragédia que culminou nas mortes de suas esposas.
Enquanto aguardam julgamento passam a limpo relação e discutem sobre o que
ocasionou os crimes. De Molière, a segunda peça apresentada pelo “Gota”, o “O
Médico à Força”, cômica e farsesca, expõe mazelas da sociedade e propõe a
reflexão. O boêmio lenhador Sganarelo é confundido com um médico e destinado a
cuidar de uma jovem que precisa recuperar a voz para se casar.
A comédia está presente também no
espetáculo “Dose Dupla”. “Cachoeira
e Amora”, cansados da vida no circo, chegam de mala e cuia na praça da cidade
para representar gags clássicas e brincadeiras da vida no circo. Ao contar a
história de um casal de palhaços que vive a procura de praças, desafiam-se e
discutem os poderes e desigualdades da mulher em pleno século XXI.
A vida da mulher é retratada
também pela “Cia Nós de Teatro” na
performance “Emily”, premiada “melhor investigação cênica” no festival de Cenas
Curtas “As Lucianas” no Rio de Janeiro. Trata-se da história da poeta
norte-americana Emily Dickinson, escrita pelo dramaturgo norte-americano
William Luce. No quintal de casa, Emily recebe os espectadores, fala de
relacionamentos, dramas e do amor pelas palavras.
Em parceira com o “Grupo Seis e
Meia”, a “Edilamar Fogos Produções”
traz “Os Sequestrados”, escrita por Dell Freire com a tutoria do dramaturgo
Samir Yazbek. Inspirada na filosofia de Sartre e no cinema de Fassbinder, a
peça utiliza-se das linguagens teatral e cinematográfica para enfocar as
relações de uma família tradicional no período pós-ditadura militar. Ao longo
da apresentação são revelados segredos, que levam o publico a um clima de
suspense.