segunda-feira, 14 de junho de 2021

FESTIVAL DE TEATRO DE GUAÇUÍ 2021 – UMA EDIÇÃO HISTÓRICA

 

Com recursos da Lei Federal Aldir Blanc – Ministério do Turismo, através do Edital de Artes Integradas da Secult-ES, e ainda parceria da Prefeitura Municipal de Guaçuí – Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, o Grupo Teatral Gota, Pó e Poeira realizou o 21º Festival Nacional de Teatro de Guaçuí, no período de 16 a 22 de maio deste ano, quando reuniu 18 espetáculos, oriundos do Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba.

A abertura se deu com o espetáculo Abajur Cor de Carne, do Coletivo Emaranhado, de Vitória – ES, que retratou a violência contra a mulher, principalmente em terras capixabas. Com excelente índice de visualizações, visto que as peças foram transmitidas ao vivo do palco do Teatro Fernando Torres, o espetáculo que reúne teatro e dança recebeu o prêmio especial do Festival de Pesquisa e Linguagem.

O segundo dia do festival (17) contou com a abertura da Mostra Para Infância e Juventude. O espetáculo Dom Quixote – em construção, em processo, de São Caetano do Sul – SP - arrebatou praticamente todos os prêmios do júri oficial: melhor espetáculo, texto, direção, figurino, iluminação, maquiagem, cenografia, sonoplastia, ator (João Rocha)  e ator coadjuvante (Márcio Díglio). A releitura do clássico fez uma reflexão do atual momento do teatro e da sociedade diante à pandemia.

O outro espetáculo apresentado na noite de segunda feira foi  Um Certo Lampião, solo da Cia de 4 no Ato, do Rio de Janeiro. Com ótima atuação de Sidclay Batista e direção de Gilvan Balbino, um descendente de Virgulino Lampião revisita a história do suposto parente, explorando outras nuances dos fatos. O texto recebe o prêmio especial de texto inédito do Festival.

Na terça feira, dia 18, foi a vez de espetáculos do Espírito Santo e Paraíba estarem em cena. O Grupo Boyasha, de Santa Maria de Jetibá – ES, apresentou o espetáculoinfanto juvenil A Árvore, que traz elementos ligados à preservação do meio ambiente, com boas atuações, cenografia e sonoplastia. 

Já no início da noite, o Grupo Cara Dupla, de João Pessoa, estreou a montagem As Malditas que deu a Letícia Rodrigues o prêmio de melhor atriz da mostra de rua e a Romilson Rodrigues o prêmio de melhor maquiagem, além de melhor espetáculo de rua pelo júri popular. 


Terror e Miséria, de Cachoeiro de Itapemirim, adaptação da obra de Brechet, encerrou aquela programação dia com o teatro político. Encenado pelo Epicentro, trouxe ao palco atores iniciantes com uma proposta de discussão social. Vem vindo uma nova leva de atores cachoeirenses.

Três espetáculos estiveram no palco do Fernando Torres na quarta feira (19). Às 14h, o espetáculo guaçuiense Contos da Cor, da Cia Mais um Ponto, Mais um Conto, foi apresentado com maestria pelo seu elenco: Eliane Correia, Kaio Serafim e o músico Guilherme. Com histórias que envolvem a etnia afro-brasileira, recebeu elogios dos analistas do festival e os prêmios de Melhor Atriz (Eliane Correia) e Prêmio Especial de Pesquisa do Júri Oficial, entre outras indicações. 

Já às 17h, a Cia Homônimos Perfeitos, de Alegre, fez a apresentação de Nem Tudo São Amores, na lateral do Teatro, trazendo humor para a rua, com os atores Alvair Gusmão, Klaus Lucas e Jeremias Custódio.

A noite de quarta feira foi finalizada com a grande vencedora da mostra de teatro adulto: A mais forte, do Grupo Boyasha, do Espírito Santo. Numa apresentação impecável, a montagem recebeu os prêmios de melhor espetáculo do júri oficial, além de direção, ator, sonoplastia, figurino, iluminação e maquiagem. Texto clássico da dramaturgia mundial, João Paulo Stein, em excelente atuação, utiliza todos os elementos disponíveis em cena, numa comunhão perfeita com a técnica.

O quarto dia do Festguaçui (20) trouxe às 10h da manhã, debaixo de um sol forte, a Cia Tramp de Palhaços, de Jundiaí – SP. O grupo paulista encenou A Refeição. Espetáculo solo de palhaçaria, com proximidade com a metalinguagem, a apresentação deu a Eduarda Ohoe o prêmio de Melhor Figurino do teatro de rua. 

E às 14h, no palco de teatro, Erick Pinguin, da Ovorini, de Sete Lagoas – MG, encenando Estação Torrete levou o prêmio de melhor ator pelo júri oficial e melhor espetáculo para infância e juventude pelo júri popular, também em um espetáculo de palhaçaria. 

Logo à noite, foi a vez da estreia do espetáculo O mundo assombrado, da Cia Nós de Teatro, de Cachoeiro de Itapemirim, fruto de uma residência artística. Reflexivo, atual, com linguagem para internet, terá um longo e brilhante caminho pela frente.

Mais três espetáculos foram apresentados na sexta feira, dia 21, a começar por A noite iluminada, da Cia Junco, formada por atores argentinos radicados em Vitória – ES. Poética, lírica, e envolvente, a montagem recebeu o prêmio especial do júri oficial melhor música original. 

Quando chegou o final da tarde, Carlitos Cachoeira e Amora Gasparini, da Cia Lacarta, trouxeram à mostra de rua o espetáculo Dose Dupla. Pelo trabalho apresentado os atores receberam o Troféu Especial José Luiz Gobbi, homenagem ao artista recém falecido.

A noite de sexta feira foi finalizada com o espetáculo Eternamente, Bibi – da Cia Cara Dupla, de João Pessoa – PB, com atuação de Letícia Rodrigues. O tributo a Bibi Ferreira, com a técnica de dublagem da atriz, emocionou ao público na transmissão no canal do festival, arrebatando o prêmio de melhor espetáculo pelo júri popular. A trajetória de Bibi Ferreira, artística e pessoal, rendeu a Letícia Rodrigues o prêmio de melhor atriz por unanimidade e à companhia paraíbana o troféu especial Paulo Honório da Costa.

Na manhã de sábado, na calçada paralela ao Teatro, veio o grande vencedor da Mostra de Teatro de Rua. Com texto potente e atuação impecável, a montagem Eu, Romeu emocionou e provocou reflexões sobre a trajetória de um ator negro no mercado artístico. A Adorável Companhia, do Rio de Janeiro, vindo para substituir a montagem “Ariano – o cavaleiro sertanejo”, conquistou os prêmios de melhor espetáculo de rua pelo júri oficial, ator (Marcos Camelo), direção (Cecília Viegas), cenografia, sonoplastia e texto.

As atrações continuaram com apresentação de José Celso Cavalieri com o espetáculo convidado As malas que carrego, de Vila Velha, numa participação especial.

E às 20h foi a estreia de Os Sacrilégios do Amor, nova montagem do Grupo Teatral Gota, Pó e Poeira, inspirada nos contos de Nelson Rodrigues do livro A vida como ela é, com direção de Ribamar Ribeiro, pelo edital de Residência Artística da Secretaria de Estado da Cultura, Lei Aldir Blanc. 

Após a estreia, foi feita a premiação aos grupos com participação dos analistas do Festguaçui: Luiz Carlos Cardoso, Luiz Navarro, Danyel Sueth e Rafaela Vagmaker; e membros da administração municipal – Prefeito Marcos Jauhar e Secretário Municipal de Cultura Eleon Domingos Spala Nunes.

A edição do festival 2021 como modelo híbrido: semipresencial e transmitido ao vivo pelo canal do Grupo Gota, Pó e Poeira, com apoio da Vlad Streaming, foi considerada histórica diante do quadro da pandemia e pela resiliência dos grupos e companhias. Parabéns a todos que participaram!!!

Fotos de Eder Gaioski