Junho se foi com seus festejos
ligados às tradições seculares, com folguedos, comidas típicas, fogueiras,
bandeirinhas, muita música e roupas coloridas. Escolas e comunidades se
mobilizaram com seus “arraiás” fazendo a festa de estudantes e moradores
diversos. E têm muitas festas ainda por acontecer, mesmo em julho e agosto,
haja vista que para se dançar quadrilhas ou outros folguedos folclóricos não
importa a data e sim manter uma tradição que é super respeitada no Nordeste,
mas que por aqui, por intolerância, muitas vezes religiosa, tende a
desaparecer.
A arte e a cultura estão acima de
questões religiosas. A escola deve ser um lugar para ensinar ao estudante muito
mais que conceitos ou fórmulas que estarão no Enem. A escola é um lugar também
para aprender costumes, tradições, lendas, mitos e outros elementos artísticos
que contribuirão para o educando ampliar sua visão do mundo e das coisas, ou
simplesmente desenvolver empatia e desenvoltura.
Em outros tempos, anos 70 e 80, era
comum cada bairro fazer sua festa junina ou sua quadrilha, envolvendo um grande
número de moradores. Bandeirinhas se estendiam pelas ruas; fogueiras eram
acesas; e casais – após muitos ensaios – dançavam alegremente não se importando
se no mês havia Santo Antônio, São João ou São Pedro para comemorar. As festas
iam muito além da repressão que as crianças hoje sofrem por discordâncias
religiosas de seus pais. Dançar quadrilha era só alegria, e muitos
relacionamentos começaram nessas festas, nem sempre amorosos.
Houve uma época em que as obras
paralisadas de construção da Prefeitura Municipal de Guaçuí, no centro da
cidade, também serviram de palco para inúmeras festas juninas. Era comum, nos sábados, a construção estar
aberta para a realização dos folguedos, sendo uma opção para a comunidade. As
escolas eram as principais organizadoras.
E como não lembrar das tradicionais
quadrilhas da Rua do Norte, comandada muitas vezes pelo “Tonho Aranha”, e da
Rua da Palha pelo “Dinho Soares”? Inúmeras gerações dançaram sob o comando
desses mestres da cultura popular, mas que hoje passam despercebidos pelas
novas gerações.
As comunidades rurais também perderam
muito. Talvez por se apoiarem somente no Poder Público para realizar suas
festas. São Tiago, Santo Antônio, São Felipe, São Romão, São Pedro, Fazenda
Aparecida, entre muitas, sempre reservavam uma data no mês para fazerem suas
quadrilhas. Eram momentos em que a comunidade se integrava e os percalços do
dia a dia eram esquecidos.
Entre as inúmeras quadrilhas, era
destaque a Quadrilha Ouro e Prata, liderada por Nenêm Moreira, sendo sucedido
depois pela viúva Guiomar Soares. Ali, no terreiro da fazenda, próximo do
Assentamento, além da dança constantemente ensaiada, havia ainda calouros,
dublagens, outras coreografias, shows e homenagens. Quem ia para lá fazer
cobertura jornalística, colocar som, fotografar ou filmar se deparava com uma
“janta” no melhor estilo, no fogão a lenha, de onde saíam as inesquecíveis
carnes da “lata”, principalmente de porco. Era um banquete!
Bom... junho já passou. Melhor agora
se concentrar nas comemorações de 200 Anos de História de Guaçuí, que começam a
ser comemorados em 15 de julho.
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