sexta-feira, 13 de março de 2015

A MULHER E A POESIA

Em março duas datas comemorativas têm entre si uma íntima relação: o Dia Internacional da Mulher e o Dia da Poesia, respectivamente 08 e 14 de março.
Desde os primeiros tempos a mulher tornou-se musa das mais belas poesias ou cantigas de amor.
Alguns poetas prendiam-se na beleza física da mulher para descrevê-la; outros buscavam a subjetividade para expressar seus sentimentos pela mulher amada.
Descreviam-na como anjos, deusas, santas, pastoras, estrelas e até mesmo demônios que eram capazes de despertar terríveis desejos.
No Romantismo a mulher tornou-se senhora dos sonhos de cada poeta, foi comparada com a natureza e seu lugar era um altar muitas vezes intocável. Era suprema, sublima, e inspiradora de sentimentos que chegavam a ser platônicos.
Já no Realismo ela perde sua sublimidade e é mostrada no seu dia a dia, fora das altas classes, lutando pela sobrevivência e às vezes usando armas e meios muito convencionais e aprovados para o seu tempo. Deixava de ser anjo, para ser batalhadora na vida; deixava de ser intocável para ser uma mulher comum com defeitos – tocável.
Em cada poeta, pode-se dizer, habita uma mulher que o inspira, emociona e consegue fazer com que ele capte no vácuo e na turbulenta vida, uma sensibilidade que em seus versos a mulher amada é transmitida.
A mulher e a poesia, nesses longos e árduos tempos, foram acompanhando a evolução do mundo; foram sendo mostradas em uma batalha em campo aberto pelo reconhecimento e o respeito que lhe são devidos. Quantas poesias e quantas mulheres foram reconhecidas pelo seu valor após muitos anos ou então depois de seus desaparecimentos?
A mulher já não é a santa das antigas poesias; perdeu um pouco de seus mistérios, de sua magia, porém ainda é musa dos poetas e é focalizada na sua vida diária.
Ela deixou de ser anjo para ser companheira, a amiga das horas incertas e certas, do casamento, do trabalho, do colégio, do bate papo na lanchonete.
A mulher deixou o plano das estrelas, preferindo pisar o chão com firmeza e certeza do progresso; começou a ocupar cargos importantes, a disputar vagas, entrou nos esportes exclusivos para os homens e foi fazendo o seu caminho.
 A poesia deixou a subjetividade e quis também seguir novos rumos; procurou denunciar a fome, a miséria, a injustiça; quis ser mais que palavras bonitas e foi buscar o cotidiano, e nisso alcançou a música na voz de Caetano, Chico Buarque, Toquinho, Milton Nascimento, Vinicius e tantos outros.

Atualmente a mulher já goza de liberdade e, paralela a ela, a poesia em seus versos livres, soltos, embora continuando a transmitir a beleza e o encanto da mulher, pois enquanto existir a mulher, existirá o poeta – a poesia...

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