Em março duas datas comemorativas
têm entre si uma íntima relação: o Dia Internacional da Mulher e o Dia da
Poesia, respectivamente 08 e 14 de março.
Desde os primeiros tempos a mulher
tornou-se musa das mais belas poesias ou cantigas de amor.
Alguns poetas prendiam-se na beleza
física da mulher para descrevê-la; outros buscavam a subjetividade para
expressar seus sentimentos pela mulher amada.
Descreviam-na como anjos, deusas,
santas, pastoras, estrelas e até mesmo demônios que eram capazes de despertar
terríveis desejos.
No Romantismo a mulher tornou-se
senhora dos sonhos de cada poeta, foi comparada com a natureza e seu lugar era
um altar muitas vezes intocável. Era suprema, sublima, e inspiradora de
sentimentos que chegavam a ser platônicos.
Já no Realismo ela perde sua
sublimidade e é mostrada no seu dia a dia, fora das altas classes, lutando pela
sobrevivência e às vezes usando armas e meios muito convencionais e aprovados
para o seu tempo. Deixava de ser anjo, para ser batalhadora na vida; deixava de
ser intocável para ser uma mulher comum com defeitos – tocável.
Em cada poeta, pode-se dizer,
habita uma mulher que o inspira, emociona e consegue fazer com que ele capte no
vácuo e na turbulenta vida, uma sensibilidade que em seus versos a mulher amada
é transmitida.
A mulher e a poesia, nesses longos
e árduos tempos, foram acompanhando a evolução do mundo; foram sendo mostradas
em uma batalha em campo aberto pelo reconhecimento e o respeito que lhe são
devidos. Quantas poesias e quantas mulheres foram reconhecidas pelo seu valor
após muitos anos ou então depois de seus desaparecimentos?
A mulher já não é a santa das
antigas poesias; perdeu um pouco de seus mistérios, de sua magia, porém ainda é
musa dos poetas e é focalizada na sua vida diária.
Ela deixou de ser anjo para ser
companheira, a amiga das horas incertas e certas, do casamento, do trabalho, do
colégio, do bate papo na lanchonete.
A mulher deixou o plano das
estrelas, preferindo pisar o chão com firmeza e certeza do progresso; começou a
ocupar cargos importantes, a disputar vagas, entrou nos esportes exclusivos
para os homens e foi fazendo o seu caminho.
A poesia deixou a subjetividade e quis também
seguir novos rumos; procurou denunciar a fome, a miséria, a injustiça; quis ser
mais que palavras bonitas e foi buscar o cotidiano, e nisso alcançou a música
na voz de Caetano, Chico Buarque, Toquinho, Milton Nascimento, Vinicius e
tantos outros.
Atualmente a mulher já goza de
liberdade e, paralela a ela, a poesia em seus versos livres, soltos, embora
continuando a transmitir a beleza e o encanto da mulher, pois enquanto existir
a mulher, existirá o poeta – a poesia...
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