segunda-feira, 31 de julho de 2017

QUANDO O UNIVERSO DA LITERATURA TOMA CONTA DE UMA CIDADE



Todos concordam que não temos um país de imensidade de leitores, e que os muitos que leem não têm o hábito de mergulhar nos grandes clássicos literários; e muitos não têm a paciência de ler uma obra de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Lima Barreto ou José de Alencar. Mas, apesar disso, vemos a esperança em ter um país de leitores ao prestigiar eventos como bienais e feiras, e mais recentemente pude acompanhar dois dias de movimentação na Feira Internacional do Livro de Paraty, um evento grandioso, mágico e entusiástico.
A cidade de Paraty, litoral fluminense, é encantadora com seus casarios preservados, com suas belas paisagens e com sua atmosfera colonial. Um evento como a Flip/2017 torna a cidade ainda mais acolhedora, com uma gente – maioria de turistas – em busca de literatura e cultura de modo geral. Em cada ruela têm saraus poéticos acontecendo, rodas de conversa, declamações, música, dança, performance teatral, manifestos, estátuas vivas, artesanato, entre outras formas. Os grandes eventos também estão presentes, como os seminários com grandes autores, dentro de espaços como igrejas, cafés, livrarias e tendas. Livros brotam das árvores, há espaço para meditação, troca de livros, doações... enfim, o patrimônio histórico respira literatura e arte.

A emoção de Fernanda Torres na Flip
Grandes nomes literários se fazem presentes dando autógrafos, discutindo sua produção ou participando de roda de conversas. Entre os autores, dois atores tiveram destaque: Lázaro Ramos e Fernanda Torres. Sobre Lázaro, apenas ouvi alguns trechos de sua fala, pois onde acontecia sua apresentação - no momento em que acompanhava, estava repleto dentro e fora do espaço – a Livraria da Folha. Tive a sorte de ouvir Fernanda Torres falar sobre seus contos e como foi o advento da literatura em sua vida, visto que sua carreira é pautada nos palcos, no cinema e na televisão. A atriz esbanjou simpatia e com propriedade falou do país, da literatura, da cultura e do momento atual do Rio de Janeiro.
Ela, inteligentemente, reforçou aquilo que qualquer educador comprometido já afirma: um bom leitor se faz nos primeiros anos de escola, principalmente na fase de 10 a 14 anos, e lendo bons clássicos. Outro grande momento foi quando falou de um conto de seu livro em que fala da morte do pai, Fernando Torres. E um misto de emoção e admiração tomou conta dela, pois era um momento intimo em que se fundiam a atriz, a escritora e a filha. Por tudo isso, valeu a pena os poucos dias em Paraty respirando o que nós, capixabas, muitas vezes deixamos de lado: cultura.
A 1ª Semana Romântica da Escola Estadual
Falando em literatura, a Escola Estadual “Antônio Carneiro Ribeiro” vai fazer sua primeira Semana Romântica, sendo um projeto dos professores da Área de Linguagem. Nesse evento, obras como “Marília de Dirceu”, “Gabriela, Cravo e Canela”, “Iracema”, “Ana Terra” e “A escrava Isaura”, serão estudadas pelos alunos de ensino médio, que mergulharão na temática “O amor no encontro das raças”. Pode ser que poucos leiam as obras por completo, porém aqueles que forem tocados por esse universo que contempla costumes da Bahia, do Rio Grande do Sul, do período áureo de Minas Gerais ou das matas do Ceará, terão suas vidas enriquecidas.

O evento no Colégio Estadual acontece no período de 9 a 11 de agosto, em consonância com a Semana do Estudante. Teatro, música, dança, palestras, desfiles, saraus de poesia, gincana, montagem de painéis, serão apresentados para que os alunos do ensino fundamental e médio da escola de Guaçuí tenham a oportunidade de mostrarem seus talentos e ao mesmo tempo aprender sobre grandes mestres de nossa literatura. Que sigamos o exemplo de Paraty!

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